Iniciamos 2021 com esperança de normalização das atividades e da mobilidade social, mas, ainda no primeiro trimestre, constatamos que a crise sanitária seria mais longa e complexa. O importante avanço da vacinação trouxe um sentimento de alívio e encerramos o ano com otimismo em relação ao futuro da gestão da pandemia, cientes de que ainda serão necessários protocolos e maior aprendizado sobre como lidar com o novo vírus.
Com a flexibilização das restrições, a economia global mostrou sinais de recuperação, a demanda aumentou, mas a oferta não seguiu o mesmo ritmo. O crescimento global, em 2021, foi prejudicado por rupturas nas cadeias de suprimentos, aumento da inflação em países desenvolvidos e em alguns mercados emergentes, por taxas de juros mais altas e por incertezas políticas.
No Brasil, o Banco Central reverteu o movimento de queda da taxa de juros com o objetivo de conter a alta da inflação, resultado da desvalorização cambial, do aumento dos preços das commodities e dos maiores custos de produção. Nesse contexto, houve redução nos níveis de consumo e de investimentos, impactando negativamente as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo do ano.
Na Votorantim, nesse cenário repleto de incertezas decorrentes da pandemia, mantivemos a atenção e o cuidado com nossos profissionais, com a saúde financeira de nossas empresas e com a continuidade dos negócios; e seguimos apoiando a sociedade em diversas iniciativas. Durante esses dois últimos anos, nos quais vivenciamos uma crise sanitária sem precedentes, vimos a importância da capacidade de adaptação, da flexibilidade de nossas estruturas e de processos decisórios organizados e desburocratizados.
Para nós, o ano foi repleto de bons frutos, não somente do ponto de vista dos resultados econômico-financeiros, mas também por conta da maior colaboração entre a Votorantim S.A. (a holding investidora) e suas empresas do portfólio nas discussões estratégicas.
Obtivemos resultados financeiros positivos em todas as nossas empresas, o que se refletiu em resultados consolidados significativamente acima dos verificados nos últimos anos. A alavancagem expressa pelo quociente dívida líquida/Ebitda ajustado encerrou 2021 no menor patamar em mais de dez anos.
Do ponto de vista estratégico, houve movimentos importantes na evolução do portfólio que também reforçaram características muito positivas da Votorantim, entre elas a capacidade de se reinventar e de criar parcerias únicas com seus sócios. A Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) da CBA, ocorrida em julho, a combinação dos ativos de energia pela Votorantim Energia e pelo CPP Investments, anunciada em outubro, e os avanços nos investimentos na América do Norte e na Espanha pela Votorantim Cimentos contribuíram para a diversificação do portfólio e para a geração de valor. Também em 2021, o banco BV avançou na sua estratégia de digitalização e foi criada a Altre, empresa imobiliária que fez importantes investimentos no ano. Consolidamos a organização da operação de gestão de recursos financeiros líquidos no exterior e, no fim do ano, investimos na CCR, do ramo de infraestrutura, em linha com a nossa estratégia de evolução do portfólio.
Na agenda ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance), atuamos para garantir que esses temas sejam discutidos nos Conselhos de Administração das nossas empresas investidas com propriedade e profundidade e que essas discussões se tornem ações concretas.
Para 2022, esperamos mais um ano desafiador, devido às incertezas associadas às novas variantes da Covid-19 e, no Brasil, às turbulências decorrentes de um ano eleitoral e às projeções de um crescimento modesto da economia. A convicção na estratégia de longo prazo e na experiência empresarial no Brasil, alinhadas com a clareza de visão dos acionistas, contribui para um processo decisório que nos garante serenidade em tempos mais difíceis.
A Votorantim, mais uma vez, está preparada para enfrentar períodos de volatilidade e sair fortalecida.
Eduardo Vassimon
Presidente do Conselho de Administração da Votorantim S.A.